A nossa atenção é um recurso valioso, a publicidade das grandes marcas, os influenciadores, as redes sociais, tentam capturá-la a cada instante.
A urgência que tudo nos impõe no mundo moderno, digital, conectado, faz com que sempre tenhamos a atenção fragmentada, nunca presente, nunca focada. Deixamos que essa capacidade humana se transformasse em reles mercadoria.
Na interação com as outras pessoas, talvez seja onde mais estamos negligenciando a atenção que é a nossa própria presença. Onde há dois seres humanos interagindo não há só duas pessoas, mas entre eles, dois aparelhos celulares (no mínimo) exigindo atenção, com sua incessantes notificações de mensagens, notícias, ofertas, que precisam ser vistos, respondidos naquele exato momento. Nas reuniões e encontros presenciais, já se tornou prática comum as duas pessoas pararem de conversar, ou conversar sem olhar pois estão sempre checando seus celulares. Nas reuniões online, as pessoas nem se envergonham mais de fazer reuniões com outras pessoas digitando, acessando mensagens e nem olham diretamente, uns nos olhos dos outros.
Será que realmente acreditam que estão presentes e ouvindo a outra pessoa?
É dito por diversas escolas de sabedoria que a nossa energia segue a nossa atenção. Então ao dar a nossa atenção de forma plena para outra pessoa, dedicando aquele curto espaço de tempo integralmente ao outro, damos a nossa energia para o outro. Energia para que o outro se sinta seguro, confortável, se sinta encorajado, e estimulado a se expressar, a ser verdadeiro, pensar por sí próprio, de forma genuína, autêntica, sabendo que estamos escutando de corpo e alma.
Ao fazer isso estamos implicitamente dizendo ao outro, eu tenho interesse em você, eu tenho interesse no que você tem a dizer, eu tenho interesse no que você vai pensar, eu tenho interesse que você possa se expressar e pensar seus próprios pensamentos.
E portanto, quando não damos nossa atenção e interrompemos de diversas formas estamos afirmando exatamente o contrário. Somos uma sociedade que frequentemente diz ao outro que ele não é importante, que o que ele pensa não é importante que aquilo que eu penso, aquilo que eu tenho que fazer, as notificações que preciso olhar são mais importantes. Quais consequencias isso está gerando?
O poder da escuta e atenção plena está presente em diversos programas de transformação pessoal, como processos terapeuticos, escuta empática e círculos de conversa como no Alcóolicos Anônimos e todos os seus derivados, onde a atenção e a escuta do grupo é parte fundamental do processo de cura.
Imaginem como seriam diferentes as conversas dentro das empresas se realmente existisse a atenção generativa, quantas novas ideias, novas perspectivas, quanta coisas importante estamos deixando de ouvir, por preferir o automatismo?
Mas, atenção generativa, não é o mesmo que ficar quieto olhando para o outro. Simplesmente fazendo isso, a sua energia não vai para o outro, pois a sua atenção pode estar em outro lugar. Sua atenção pode estar nos seus próprios pensamentos, nas coisas que está deixando de fazer por estar ali. É comum também que a nossa atenção esteja pensando no que vamos responder para a pessoa depois que ela se expressar, não escutamos para ouvir, mas para responder. Da mesma forma podemos até prestar atenção no conteúdo, fazendo análises e julgamentos, mas ainda assim o atenção está em nós mesmos, na nossa opinião, no nosso interesse sobre o conteúdo que a pessoa está expondo.
A atenção é ter interesse genuíno na outra pessoa, no seu próprio processo de pensamento independentemente do conteúdo. É se encantar é querer nutrir o processo de pensamento daquele ser humano, daquela mente é dar o tempo, o espaço, a presença que ele precisa para expressar sua sabedoria.
A atenção é poderosa, ela gera novos pensamentos. Novos pensamentos mudam tudo, podem transformar, podem curar. Atenção é um ato de criação.
Estar presente é um presente.
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