Indice
Alta Sensibilidade e Saúde Mental nas Organizações
A importância da Neurodiversidade nas organizações
Uma nova Cultura Organizacional
O que é Alta Sensibilidade?
O termo alta sensibilidade começou a ser identificado e divulgado a partir do trabalho dos pesquisadores Elaine Aron e Arthur Aron em meados dos anos 90. Suas pesquisas identificaram que aproximadamente 20% da população global tem um sistema nervoso que funciona de forma diferente do restante da população, estas pessoas têm a tendência de ficarem fisicamente e emocionalmente super estimuladas com mais facilidade pois capturam mais informações através de todos os sentidos e da percepção extrassensorial. Pensam e sentem tudo de forma profunda. Podem sentir a energia e emoções de outras pessoas e sutilezas no ambiente que outros não percebem.
O estabelecimento e divulgação do traço trouxe clareza para estas pessoas que viviam de meias verdades acreditando ser frágeis, neuróticas, tímidas, introvertidas entre outras definições que focavam somente eu seus aspectos negativos.
Se as pesquisas indicam que 20% da população é altamente sensível, isso significa que 80% não é – e o mundo foi projetado justamente para atender a esta maioria. Por esta razão as pessoas mais sensíveis tem a sensação de serem diferentes dos outros e carregam a experiência de não conseguirem se encaixar no mundo, principalmente no mundo corporativo que muitas vezes ignora os sentimentos e trata as pessoas como máquinas.
As PAS (abreviação para Pessoas Altamente Sensíveis) crescem acreditando que existe algo errado nelas e suas características relacionadas com a alta sensibilidade como algo prejudicial que precisam ocultar, curar, evitar ou corrigir para ter sucesso na carreira.
O resultado é que a maioria das PAS não conseguem vivenciar e expressar a sua personalidade sensível de forma plena no trabalho, vivendo uma vida pela metade, tentando se encaixar onde é impossível e com isso todos perdem, principalmente as empresas que poderiam se beneficiar de qualidades tão necessárias no mundo moderno que estas pessoas trazem como a empatia, criatividade, forte senso de propósito e valores éticos profundos.
Sensibilidade de Processamento Sensorial
A alta sensibilidade não é algo novo, apesar do termo e das pesquisas sobre o tema serem relativamente recentes, um quinto da população mundial sempre foi altamente sensível.
Para sobreviver e prosperar no planeta Terra, todos os organismos precisam aproveitar da melhor forma os recursos ambientais, como alimentos, proteção contra predadores e apoio social. Animais e humanos são programados para perceber, processar, reagir e se adaptar a elementos sociais e físicos específicos do ambiente, tanto positivos quanto negativos.
As pesquisas indicam que existem diferenças entre os indivíduos na sensibilidade e na capacidade de resposta ao ambiente em animais e humanos; alguns são muito mais sensíveis e reativos em comparação com outros. O traço da alta sensibilidade sempre teve um papel importante como estratégia de sobrevivência e evolução da humanidade, a habilidade de perceber sutilezas e processar profundamente um número maior de informações ajudou a perceber quando certas plantas crescem e amadurecem, as melhores épocas para plantar e colher, perceber os fatores que indicam mudança no clima, os rastros sutis deixados por predadores e animais de caça. Em 1997, Elaine Aron e Arthur Aron identificaram e cunharam o nome científico Sensibilidade de Processamento Sensorial (SPS) como o traço definidor de pessoas altamente sensíveis. Em sua definição, o processamento sensorial não se refere aos órgãos dos sentidos, mas a como a informação sensorial é transmitida e processada no cérebro.
Sensibilidade de Processamento Sensorial é um traço de personalidade que envolve uma sensibilidade aumentada do sistema nervoso central e um processamento cognitivo mais profundo de estímulos físicos, sociais e emocionais, é caracterizado por uma tendência a fazer uma pausa para reflexão diante de situações novas, maior sensibilidade a estímulos sutis e o envolvimento de estratégias de processamento cognitivo mais profundas para empregar ações de enfrentamento, todas impulsionadas por uma reatividade emocional elevada.
O traço não é um distúrbio, mas uma estratégia de sobrevivência inata que tem vantagens e desvantagens. A pesquisa em biologia evolutiva fornece evidências de que o traço também pode ser encontrado em mais de 100 espécies não humanas. As pessoas com alto SPS representam cerca de 15 a 20% da população em geral, igualmente distribuído entre homens e mulheres.
Desde o final dos anos 1990, várias contribuições teóricas, desenvolvidas independentemente umas das outras, investigaram essas diferenças individuais na sensibilidade aos ambientes: Essas teorias incluem o modelo Diathesis-Stress (Ellis et al., 2011; Monroe e Simons, 1991; Pluess e Belsky, 2009), Suscetibilidade Diferencial (Belsky, 1997; Belsky e Pluess, 2009), Sensibilidade Biológica ao Contexto (Boyce e Ellis, 2005) e Sensibilidade de Processamento Sensorial (Aron, 2002; Aron e Aron, 1997).
Todos estes frameworks concordam que os indivíduos diferem em sensibilidade aos ambientes e que apenas uma minoria da população é altamente sensível e isso representa uma vantagem evolutiva.
Estas teorias foram recentemente integradas a uma meta teoria mais ampla chamada de Sensibilidade Ambiental (Pluess, 2015).
A Sensibilidade Ambiental propõe que a sensibilidade é impulsionada principalmente por uma sensibilidade aumentada do sistema nervoso central: pessoas sensíveis têm cérebros mais sensíveis, que percebem informações sobre o ambiente mais prontamente e as processam com maior profundidade. Isso provavelmente envolve aspectos estruturais e funcionais específicos de várias regiões do cérebro, incluindo a amígdala e o hipocampo. Essas características do cérebro são então responsáveis pelas experiências e comportamentos típicos associados à alta sensibilidade, como experimentar emoções mais fortemente, responder mais fortemente a situações estressantes ou mudanças, ter uma maior reatividade fisiológica, processar experiências em profundidade pensando muito sobre eles, apreciando a beleza e captando detalhes sutis.
O nível individual de Sensibilidade Ambiental é o resultado de uma complexa interação entre genes e influências ambientais ao longo do desenvolvimento. Estudos empíricos sugerem que as influências genéticas são importantes para o desenvolvimento da característica, mas apenas cerca de 50% das diferenças de sensibilidade entre as pessoas podem ser explicadas por fatores genéticos, sendo os 50% restantes moldados por influências ambientais. É importante ressaltar que, embora a sensibilidade tenha uma base genética e hereditária substancial, pode ser a qualidade do ambiente durante o crescimento que molda ainda mais esse potencial genético para sensibilidade.
Por exemplo, aqueles que carregam um número maior de genes de sensibilidade podem desenvolver uma sensibilidade mais voltada para a ameaça ao crescer em um ambiente desafiador ou adverso, enquanto aqueles que crescem em um ambiente um contexto predominantemente favorável e seguro pode desenvolver uma sensibilidade elevada em relação aos aspectos positivos do ambiente.
Uma analogia popular na literatura sobre a alta sensibilidade é a comparação com as flores Orquídeas e Dentes de Leão.
A maioria da população que não apresenta o traço da alta sensibilidade é comparada ao Dente de Leão é uma planta forte, que cresce em qualquer lugar, em quaisquer condições e é pouco afetada por ambientes positivos ou negativos. Já os 20% mais sensíveis são comparados à Orquídea, uma planta delicada que requer os cuidados e condições certas para florescer, são mais fortemente afetados por condições adversas mas também florescem mais em ambientes positivos. Vamos falar sobre as condições certas para este florescimento nas próximas sessões.
D.O.E.S
São 4 características essenciais que devem estar obrigatoriamente presentes para identificar uma pessoa como sendo altamente sensível: 1. Profundidade de Pensamento (Depth of Processing) As PAS processam informações mais profundamente e têm acesso a mais informações, tudo que é recebido e percebido sensorialmente é processado de forma detalhada, fazendo associações, correlações e comparações, mesmo de forma inconsciente. A dra Aron define como, “saber o que você sabe sem nem sempre saber como você sabe disso”. As PAS usam mais as partes do cérebro associadas ao processamento mais profundo de informações e para elas é natural ampliar as perspectivas consideradas. Apresentam maior atividade na ínsula, uma parte do cérebro que integra o conhecimento momento a momento de estados emocionais internos, posição corporal e eventos externos. 2. Superestimulação (Overstimulation) As PAS processam muito mais informações emocionais e sensoriais de maneira detalhada e profunda, o que é uma vantagem poder perceber cada detalhe de uma música, ou aromas que ninguém percebe, porém elas também podem se saturar e se desgastar antes que outras pessoas com o excesso de estímulos. A superestimulação pode ser causada por estímulos físicos (sons, cheiros, cores), emoções intensas e também pelo excesso de interação com outras pessoas e se apresenta nas formas de alguns sintomas físicos como confusão mental, taquicardia, enjoo, dor de cabeça, insônia, irritabilidade e crises de ansiedade. 3. Empatia e Reatividade Emocional (Empathy/Emotional Responsivity) A empatia é uma de suas característica mais reconhecidas. O cérebro altamente sensível tem maior atividade em seu sistema de neurônios-espelho. Quando observamos alguém fazer ou sentir algo esses neurônios disparam da mesma forma que alguns dos neurônios da pessoa que estamos observando. Esse sistema não apenas nos ajuda a aprender por meio da imitação, mas em conjunto com outras áreas do cérebro que são mais ativadas nas PAS, eles nos ajudam a conhecer as intenções dos outros e como eles se sentem. As PAS não apenas sabem como outra pessoa se sente, mas também se sentem da mesma forma até certo ponto. As PAS têm uma reação emocional mais intensa a experiências positivas e negativas, quando comparado com o restante da população. 4. Sensibilidade e Sutilezas (Sensitive to Subtleties) As PAS têm uma percepção maior aos detalhes sutis do ambiente. A percepção Pode estar relacionada aos cinco sentidos como sentir um cheiro que ninguém sente, ou perceber cada som em uma música, mas também se refere a sutilezas como pequenas alterações no ambiente ou no estado emocional das pessoas ao seu redor. |
Alta Sensibilidade e Saúde Mental nas Organizações
A pandemia de Covid-19 trouxe a responsabilidade de promoção da saúde mental nas organizações para um novo patamar, trazendo clareza para a relação direta entre a cultura organizacional e a forma que o trabalho é realizado com a saúde mental dos empregados, além de reconhecer a importância de equilibrar melhor a vida pessoal e profissional. O cuidado das empresas com a saúde mental no trabalho deixou de ser algo que era considerado um diferencial e passou a ser obrigatório.
Esta deixou de ser uma tarefa exclusiva do setor de Recursos Humanos e passa a fazer parte do dia a dia dos gestores de todos os departamentos. Temos uma oportunidade história de reavaliar a forma que as empresas funcionam e adotar novas formas de gestão e trabalho que tragam condições para que os colaboradores prosperem dentro e fora do local do trabalho.
O estresse crônico causado pelo trabalho pode aumentar significativamente o risco de desenvolvimento de uma série de doenças físicas e mentais, entre elas a Síndrome do Burnout (ou Síndrome do Esgotamento Profissional).
Suas principais características são:
Até 2019, o Burnout era descrito como um estado de exaustão vital e que podia ser interpretado como resultado de um infortúnio em casa ou na família. A OMS revisou a sua definição, classificando-o como uma doença ocupacional através da CID-11 publicada em 2022, com clara definição de um esgotamento que é fruto do “estresse crônico do local de trabalho”, sendo um fenômeno ocupacional e não uma condição médica. Antes a Síndrome do Burnout era visto como um problema do indivíduo e agora gerenciá-lo está sobe a responsabilidade das empresas.
PAS e a maior vulnerabilidade à Síndrome do Esgotamento
Situações comuns no local de trabalho que são moderadamente estressantes para a maioria das pessoas – como falar em muitas reuniões ou receber críticas, podem super estimular as PAS rapidamente. Estudos mostram que trabalhadores com sensibilidade de processamento sensorial tendem a sofrer mais estresse do que seus pares menos sensíveis.
Os ambientes corporativos abertos, ruidosos, cheio de informações e com interrupções constantes são um grande desafio e a sensibilidade maior ao ambiente, não se aplica somente a dimensão física mas a toda a cultura e processos, pois a percepção de sutilezas torna as PAS extremamente vulneráveis em culturas tóxicas desde os seus primeiros sinais.
Um estudo recente comparou pessoas sensíveis e não sensíveis no reconhecimento de padrões e tomada de decisões. O resultado mostrou que as PAS eram muito mais rápidas e assertivas mas também se sentiam mais estressadas do que os outros depois de realizar a tarefa.
Os sintomas da Síndrome do Burnout também podem ser muito mais intensos para as pessoas altamente sensíveis por sentirem tudo com maior intensidade e profundidade. Em ambientes onde elas não se sintam acolhidas, podem se sentir julgadas por não serem tão sociáveis, por questionar e refletir sobre todas as coisas profundamente ou por levar mais tempo para tomar decisões. Outros fatores que as tornam mais vulneráveis:
Se as PAS têm maior vulnerabilidade, elas também podem ter um grande desempenho sob as condições certas. As pesquisas comprovam que a reação a experiências e ambientes positivos é mais intensa do que as negativas. O pesquisador Michael Pluess chama este conceito de “sensibilidade vantajosa”, para destacar o potencial específico de pessoas sensíveis se beneficiarem de circunstâncias e intervenções positivas.
O mundo vive uma era de enormes transformações acontecendo em uma velocidade incrível, representado pelo acrônimo VUCA (Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo). Neste cenário processar mais informações e perceber sutilezas passa a ser uma grande vantagem além de outras características do traço como: Empatia e a propensão a uma comunicação mais cuidadosa, Escuta atenciosa, Reflexões profundas, Visão Sistêmica e Capacidade de lidar com diversas perspectivas.
Existem alguns fatores no ambiente de trabalho que estimulam o florescimento das pessoas altamente sensíveis e outros trazem o esgotamento:
(+) Fatores que fazem as pessoas sensíveis prosperar | (-) Fatores que drenam a energia das pessoas sensíveis |
---|---|
Liberdade para organizar seu próprio tempo. | Falta de pausas durante o dia |
Momentos para trabalhar sozinho | Interrupções constantes |
Permissão para pensar explorar opções profundamente. | Tempo de trabalho e atividades micro gerenciados |
Sistemas claros e lógicos. | Má organização e sistemas ilógicos |
Cultura de gentileza e respeito. | Fofocas e reclamações |
Valorização da sensibilidade às necessidades dos outros | Ambientes barulhentos e altamente estimulantes. |
Alinhamento com valores internos | Falta de alinhamento com valores internos. |
Valorização da autenticidade | Culturas competitivas e agressivas |
Priorizar a qualidade de vida sobre outras medidas de sucesso | Clientes ou chefes frequentemente zangados |
Espaços de silêncio para pensar e encontrar a calma. | Reuniões mal organizadas e excesso de reuniões em sequência |
Acesso à natureza ou vistas ao ar livre | Falta de conexão com a natureza |
Segurança Psicológica
É um fator essencial para a saúde mental nas organizações. Para as PAS poder expressar de forma plena a sua sensibilidade e se expor sem medo de julgamento são as principais condições para o seu florescimento. Criar um ambiente seguro requer uma mudança de comportamento profunda e deve ser praticada e garantida todos os dias. De acordo com Timoty Clark, ela é composta por quatro estágios:
1. Inclusão: Respeitar os indivíduos exatamente como são. Reconhecer e remover as barreiras existentes como julgamentos e micro agressões.
2. Conhecimento: Respeitar a necessidade dos indivíduos de tempo para aprender uma nova atividade e se adaptar a mudanças no processo. Fornecer o contexto e todas as informações de forma transparente.
3. Contribuição: Respeito pelas habilidades únicas de cada indivíduo para criar valor e permitir sua contribuição com novas ideias e iniciativas.
4. Desafio: Ambiente que estimule o uso das habilidades individuais para inovar e promova a mentalidade de crescimento, com permissão para desafiar o status quo sem julgamentos.
Canários na mina de carvão |
Os mineradores de carvão costumavam levar canários com eles para dentro das minas. Eles são extremamente sensíveis ao monóxido de carbono, e percebiam muito antes dos seres humanos a presença dos gases perigosos, então quando os canários paravam de responder, ficavam doentes ou morriam, era o sinal de que estavam em perigo e era hora de evacuar e deixar a mina. Assim como os canários as pessoas altamente sensíveis conseguem captar os primeiros sinais de que algo está errado. Elas sentem no corpo, sentem a carga emocional e através de sua intuição. Se há algo errado, como uma tensão crescente, uma crise prestes a explodir, processos ineficientes, conflitos éticos ocultos, tudo isso será percebido e sentido primeiro pelas PAS. É preciso ouvi-las, antes que todo o sistema seja afetado ou que estas pessoas sofram um Burnout por verem algo grave acontecendo, alertar e não serem ouvidas. O desconforto de uma pessoa sensível no trabalho pode atuar como um sistema de alerta antecipado para mudanças necessárias nas políticas, processos ou cultura da empresa. Só porque apenas uma ou duas pessoas parecem ser afetadas negativamente não significa que suas preocupações sejam inválidas; pode ser que eles estejam dando a você uma oportunidade de fazer uma mudança positiva antes que o esgotamento e a rotatividade comecem a aumentar. |
A importância da Neurodiversidade nas organizações
Neurodiversidade é um termo cunhado no início dos anos 1990 pela socióloga e pesquisadora australiana Judy Singer, para descrever condições como TDAH, autismo e dislexia. Seu objetivo era mudar o foco do discurso sobre essas condições, partindo da premissa que estas são conexões neurológicas atípicas (ou neurodivergentes) e que as variações de concentração, aprendizagem e socialização não são doenças a serem curadas nem limitantes, pelo contrário podem ser vantagens competitivas.
Este conceito entende que não há um “padrão normal” neurológico que todos devem corresponder, mas sim variações múltiplas e complexas do funcionamento neurológico assim como a nossa própria biodiversidade e estas características devem ser respeitadas como qualquer outra diferença que é parte da diversidade humana como gênero, raça, etc.
O cérebro de algumas pessoas simplesmente tem conexões diferentes e podem funcionar, aprender e processar informações de uma maneira muito diferente da maioria das pessoas que não possuem condições neurológicas específicas e isto não significa que seja algo negativo e que resulte em um rendimento menor no dia a dia.
Diferença entre neutotípico e neurodivergente (ou neurodiverso)
Neurotípico é o termo usado para descrever as pessoas com atividade neurológica e/ou desenvolvimento cognitivo considerado típico ou padrão pela sociedade, representa a maioria da população.
Neurodivergente ou neurodiverso são termos usados para descrever indivíduos que tem um funcionamento neurológico e/ou cognitivo diferente do que é considerado típico ou padrão. Entre eles estão os portadores de Transtornos do Espectro Autista (TEA), dislexia, TDAH, síndrome de Tourette, discalculia, disgrafia, entre outros, podendo incluir também ansiedade e transtornos de personalidade.
O conceito da neurodiversidade tem sido aplicado para combater o estigma e promover a inclusão de forma plena da população neurodivergente no mercado de trabalho. Quando ela não é levada em consideração, as empresas esperam que todas as pessoas aprendam, pensem e trabalhem da mesma forma, o que pode até funcionar para a maior parte das pessoas, porém aqueles que são neurodivergentes têm uma sensação de desencaixe, de constante julgamento por não conseguir ser como a maioria e isso leva ao esgotamento. Muitos chegam a pensar que nunca vão conseguir construir uma carreira dentro de uma empresa o que gera muita frustração e muitos acabam desistindo.
E com isso todos perdem, principalmente as empresas que deixam de contar com os talentos únicos e sua forma única de pensar e encontrar soluções criativas que somente aqueles que pensam e sentem de forma diferente podem trazer.
Alta Sensibilidade pode ser considerada Neurodiversidade?
Sim, pessoas altamente sensíveis também são neurodivergentes.
Conforme apresentado no primeiro capítulo, a população de pessoas altamente sensíveis é uma minoria de 15 a 20% e seu cérebro funciona de maneira diferente da população em geral. Portadores do traço da Sensibilidade de Processamento Sensorial apresentam características como maior sensibilidade ao ambiente, reatividade emocional e profundidade de pensamento que influenciam diretamente na sua forma de pensar, aprender trabalhar, socializar e na sua propensão à superestimulação e ao estresse.
O traço da alta sensibilidade ainda é pouco conhecido e mesmo muitas PAS quando tomam contato com o traço, tendem a identificar suas condições problemáticas que torna suas vidas desafiadoras, pois percebem a forte intensidade em como sentem tudo, processam profundamente as experiências negativas e tem muitas vezes uma reação emocional exagerada. Porém estes sintomas são na grande maioria das vezes efeito da sobrecarga sensorial e por não conhecerem bem o traço e não conseguem administrar os estímulos e expressar suas necessidades no ambiente de trabalho e são levados à superestimulação que gera a ansiedade, limitações e isolamento social.
Alta Sensibilidade, uma vantagem competitiva
As organizações precisam resolver problemas cada vez mais complexos, com inúmeras variáveis em um mundo em constante transformação, necessitam se reinventar e inovar diariamente. A melhor forma de romper paradigmas e ter ideias realmente novas é ter em suas equipes uma diversidade de pessoas que raciocinem e percebam a realidade de formas diferentes.
É hora de focar nas contribuições fantásticas que a neurodiversidade pode trazer ao invés de olhar somente para os desafios. Os profissionais neurodivergentes podem ser altamente criativos, ter concentração excepcional, visão lógica e imaginação, sistemáticos, meticulosos com uma habilidade rara de compreender padrões e pensar em soluções fora da caixa. Algumas teorias indicam que estes transtornos são adaptações evolutivas dos seres humanos e estas habilidades foram extremamente importantes na sobrevivência e evolução da humanidade, porém perderam o seu propósito no mundo moderno e é isso que precisamos resgatar.
O traço da sensibilidade de processamento sensorial também pode ser considerado uma adaptação ou especialização. As PAS são instrumentos afinados para o propósito da detecção sensorial, por exemplo, sendo capazes de detectar sutilezas e conexões que passam despercebidas por outras pessoas. Sua capacidade de pensar e sentir profundamente, aliada a habilidade de perceber sutilezas com empatia e forte conexão emocional forma um arsenal com capacidade de adicionar grande valor a tarefas de observação e dedução, sendo um sistema de alerta sobre problemas iminentes e que está sempre pronto para sentir e ajudar as outras pessoas.
Nem todas as pessoas altamente sensíveis são iguais, cada uma tem suas próprias características e qualidades, como diz a Dra. Elaine Aron, “somos barcos diferentes navegando no mesmo oceano que é a sensibilidade”.
Criando as condições para que as pessoas altamente sensíveis prosperem as organizações contarão com um conjunto ainda inexplorado de habilidades para enfrentar os desafios da era digital, se tornarão empresas mais criativas, competitivas e principalmente humanas. De maneira geral, o traço da alta sensibilidade traz algumas qualidades extraordinárias como criatividade, empatia, intuição, escuta profunda, pensamento crítico e trazem contribuições únicas para o ambiente de trabalho, entre as quais a especialista Melody Wilding, destaca:
1. Diplomacia As PAS pensam antes de falar e são mais cuidadosas com as palavras. Isso se traduz em ser capaz de equilibrar as perspectivas de diferentes pessoas e se comunicar com tato, mesmo sob pressão. |
2. Pensamento Crítico As capacidade de absorver e processar mais informações ajuda a explorar várias perspectivas, fazer correlações e propor soluções inesperadas |
3. Detectar oportunidades de inovação A vigilância e atenção às sutilezas faz com que estejam constantemente procurando maneiras melhorar os processos. Elas detectam falhas nos sistemas antes que virem problemas, |
4. Capacidade de integrar e gerenciar grandes quantidades de informações A tomada de decisões baseadas em dados é uma das mega tendências da nossa era e saber como trabalhar com uma grande quantidade de informações é um grande diferencial. A percepção de mais informações e a profundidade de processamento das PAS são uma ótima combinação para funções que exigem organização e gerenciamento de informações. |
5. Habilidade para ler as emoções As PAS podem sentir o humor das pessoas muito antes de dizerem uma palavra e absorver suas emoções como se fossem suas. Podem perceber as necessidades emocionais da equipe, como quando alguém está esgotado ou precisa de apoio ou descobrir quando um cliente está insatisfeito. |
6. Forte Intuição A capacidade de reconhecer padrões e sintetizar diferentes informações é um grande diferencial na tomada de decisões. Sua intuição é mais desenvolvida porque estão constantemente adicionando e processando novos dados ao seu banco de conhecimento. |
7. Meticulosidade PAS têm grande preocupação em manter um alto padrão de excelência em seu trabalho. Suas apresentações costumam trazer informações minuciosas. |
8. Concentração no quadro geral As PAS enxergam além do óbvio e estão sempre em busca do maior “porquê” por trás das estratégias e ações que conectam a um propósito maior. São eficazes em ajudar os outros encontrar significado e realização |
9. Cria ambientes de trabalho harmoniosos As PAS têm muita consciência e empatia, conseguindo reconhecer e valorizar diferentes estilos de trabalho nas pessoas, com a capacidade de entender as diferentes necessidades. |
10. Integridade As PAS valorizam profundamente a justiça, pois analisam profundamente a consequência das ações. Elas mantêm suas promessas e sempre podemos contar com seu cumprimento. Sua voz pode fazer a diferença no local de trabalho, especialmente quando se trata de falar diante da desigualdade ou maus-tratos a outras pessoas. |
Inclusão – uma nova abordagem
A neurodiversidade ainda é um assunto relativamente novo dentro das empresas e sua abordagem não é tão comum como outros programas de diversidade e ao contrário de qualquer outra área de diversidade e inclusão, seja relacionada a etnias, raças, gênero ou comunidades LGBTQIA+ é que a neurodiversidade não se trata de um grupo específico, mas está presente em todos os grupos.
Parte do desafio é que muitas pessoas neurodivergentes preferem não revelar ou nem mesmo sabem tem esta condição diferenciada. No caso da sensibilidade de processamento sensorial, a falta de informação disponível sobre traço é bastante significativa. Muitas pessoas têm consciência das condições de trabalho que drenam sua energia e reconhecem barreiras que a impedem de prosperar nos ambientes de trabalho, porém desconhecem a relação com uma característica inata sua.
Outro grande desafio quando as pessoas descobrem sobre o traço da alta sensibilidade é a dificuldade de aceitação. A sensibilidade ainda é vista como um sinal de fraqueza que as pessoas não gostariam de ter e este fato é ainda mais marcante para os homens que associam as características da alta sensibilidade como femininas e preferem negar e esconder esta parte de si mesmo, o que gera uma série de outros problemas.
Em muitas organizações ainda existe uma mentalidade que enxerga as pessoas como máquinas, meros recursos e esta visão carrega uma grande aversão e exclui tudo o que é mais sensível e humano nas pessoas, rotulando como fraqueza, ou comportamentos “não profissionais”.
É esperado que as pessoas deixem partes de si mesmas, principalmente as emoções, do lado de fora das empresas e isso é impossível para uma PAS, é impossível processar e sentir tudo profundamente em seu trabalho sem ter conexões e reações emocionais fortes.
Uma cultura que exclui a sensibilidade, as emoções e a humanidade é altamente excludente, tóxica e agressiva para as pessoas mais sensíveis.
Um equívoco ainda muito comum, de que as emoções nos levam a pensar e a agir de forma irracional. Uma teoria recente pesquisada pelo psicólogo Roy Baumeister, coloca a emoção no centro da sabedoria. Uma razão é que a maior parte da emoção é sentido não no momento, mas após o evento, o que aparentemente serve para nos ajudar a lembrar o que aconteceu e a aprender com isso. Quanto mais ficamos chateados com um erro, mais pensamos sobre ele e seremos capazes de evitá-lo na próxima vez. Quanto mais encantados ficamos com um sucesso, mais pensamos e falamos sobre ele e como atingimos, tornando-nos mais propensos a repetir. As pessoas que têm algum motivo emocional para aprender algo ou para resolver um problema são mais motivados a se dedicar e encontrar caminhos.
Como incluir e alavancar o talento dos funcionários altamente sensíveis
É comprovado que existe uma relação significativa entre o bem-estar dos funcionários e o desempenho no local de trabalho. Essa relação é amplificada nos pessoas o traço da alta sensibilidade. Da mesma forma que os funcionários sensíveis possam ser os primeiros a cair quando o local de trabalho não é saudável, eles também serão os primeiros a florescer quando o ambiente for saudável. Estes profissionais são mais bem-sucedidos quando seu conjunto de habilidades não é apenas valorizado, mas ativamente usado da melhor maneira possível. Seguem algumas dicas para criar um ambiente de trabalho que inclua a alta sensibilidade:
1. Aumente a conscientização sobre condições neurodiversas Aprenda sobre condições neurodiversas de forma abrangente e eduque os membros neurotípicos de sua equipe sobre a neurodiversidade e vieses inconscientes em relação à sensibilidade. 2. Promova um local de trabalho flexível PAS têm necessidades especiais, podem precisar de equipamentos específicos, como fones de ouvido especiais para reduzir a superestimulação auditiva e precisar de ambientes de trabalho mais calmos sem interrupções e flexibilidade em seus horários de trabalho. 3. Pergunte e comunique Faça perguntas sobre os desafios e barreiras dos funcionários. Se perceber que eles parecem agitados, estressados ou ausentes, pergunte sobre suas preferências de local de trabalho, horário, ou outros elementos que podem funcionar melhor para eles. 4. Evite superestimulação e distrações Defina combinados quanto às expectativas de comunicação, tempo de resposta nas ferramentas de comunicação digitais utilizadas como Teams, Slack, Whatsapp. Defina canais adequados para cada tipo de assunto e necessidade. Normalize os intervalos entre as reuniões, permite que os funcionários desabilitem notificações e estimule que os funcionários participem de uma atividade relaxante, como caminhar ao ar livre, meditar ou passear com o cachorro durante o expediente para recarregar. 5. Aceite as diferenças de comunicação Investigue os estilos de comunicação preferidos dos funcionários. Pergunte aos funcionários altamente sensíveis como eles processam melhor as informações. Talvez certas brincadeiras no local de trabalho sejam uma fonte de ansiedade e eles prefiram conversas mais diretas e sucintas 6. Facilitação de reuniões Reuniões sem objetivo claro e onde as pessoas disputam um espaço de fala podem ser frustrantes para as pessoas altamente sensíveis e elas acabam não participando ativamente.. A inclusão de um facilitador que distribua igualmente os tempos de fala e ajude a integrar as diferentes perspectivas de forma organizada pode ser muito benéfica. 7. Respeite Suas Necessidades Como os sentidos das PAS são ampliados, pequenas coisas como cheiros, ruídos ou interrupções constantes que não incomodam outras pessoas, podem tornar o trabalho impossível para uma pessoa altamente sensível. 8. Tente Não Julgar A sensibilidade do processamento sensorial afeta muitos aspectos de uma pessoa. Elas podem ser particularmente sensíveis a críticas e podem apresentar reações emocionais intensas ao receber um feedback positivo ou negativo. Lembre-se de que essa reação provavelmente se reflete no trabalho do dia a dia e que é simplesmente um sentimento instantâneo e inato que muitas vezes não pode ser controlado. |
Uma nova Cultura Organizacional
Estamos vivendo um novo tempo, um tempo em que não são mais os indivíduos que devem se adaptar para caber em uma empresa, renunciando a quem são e limitando a contribuição que podem oferecer, mas agora são as empresas que devem se reinventar para atender à demanda da diversidade humana e cumprir o seu papel que vai além das fronteiras da organização mas considera seu impacto na sociedade e no planeta.
A verdadeira inclusão envolve uma transformação organizacional com mudanças profundas nos modelos de trabalho e métodos de gestão.
A cultura de uma organização não é algo simples de se observar ou definir, ela traz uma enorme complexidade de variáveis, por isso também as transformações culturais são tão desafiadoras, pois uma cultura não pode ser imposta por decreto pelo CEO da empresa e não é colocando uma placa na parede ou na intranet com a descrição da nova cultura que a cultura vai se transformar.
A cultura de uma organização também é influenciada pelo contexto onde está inserida. Algumas profissões e mercados têm alguns componentes culturais compartilhados como valores, linguajar e rituais, além da influência da cultura local do país ou região.
De acordo com Edgard Shein, cultura organizacional se apresenta em três níveis:
Cada um destes aspectos podem ser barreiras conscientes ou inconscientes que impedem a inclusão plena das pessoas neurodivergentes e da aceitação da sensibilidade.
Por isso a inclusão só é possível quando a mudança vai além das políticas de contratação ou das tarefas na área de recursos humanos, mas envolve a revisão de todos os processos, da tomada de decisões, das métricas de sucesso e principalmente em mudar a visão de mundo vigente.
O mundo do trabalho viveu uma história de separação onde uma parte do ser humano foi deixada de fora das organizações. Uma visão de mundo extremamente racional, competitiva e conquistadora dominou o mundo no último século excluindo tudo o que temos de mais sensível.
Nas lideranças, nos sistemas de gerenciamento, na filosofia de trabalho foram priorizados a razão, a visão patriarcal, e uma perspectiva voltada para o mundo externo. Foi criada uma cisão, que nos desconecta de nós mesmos, do nosso mundo interior, das nossas emoções, das relações de interdependência que existem entre nós e a própria natureza.
Esta separação levou a consequências catastróficas que testemunhamos hoje como a grave crise climática que ameaça a nossa própria existência e uma epidemia de doenças mentais como estresse e ansiedade.
O mundo moderno foi construído sob o comando dos homens que propagaram a crença que as pessoas precisam ser fortes, poderosas e conquistadoras para ter valor, premiando atitudes destrutivas e manipuladoras, destacando somente o resultado alcançado sem observar os efeitos colaterais.
Falar sobre uma cultura que valorize, respeite e inclua a sensibilidade é falar sobre um mundo novo que restaure a participação do ser humano de forma integral no trabalho e isso afetará a forma como o mundo funciona, as pessoas altamente sensíveis podem contribuir para trazer este equilíbrio, suas opiniões que nascem da observação e reflexões profundas precisam ser consideradas e eles precisam estar presentes em posições de liderança.
As PAS têm a tendência de serem guiados por valores éticos profundos, e colocam o senso de propósito acima do ganho pessoal imediato. Da mesma forma, precisam ter um ritmo de trabalho apropriado para cultivar o lado positivo de sua sensibilidade e cuidar de sua energia para não se sobrecarregar, exigindo um novo formato de trabalho que priorize a saúde.
A intuição das pessoas altamente sensíveis parece apontar para a direção onde as organizações devem caminhar e que tipo de cultura precisamos construir.
Homens e mulheres com sensibilidade e sabedoria estiveram presentes em diversos momentos da história da humanidade, atuando como conselheiros. Os grandes reis sempre tiveram sábios ao seu lado para trazer novas visões do mundo, analisar as situações a partir de diferentes perspectivas e auxiliá-los na tomada de decisões. Eles tinham como missão equilibrar o comportamento agressivo dos guerreiros e conquistadores.
Termos que se conectar com a liderança altamente sensível estão cada vez mais presentes nas grandes publicações como Liderança Compassiva, Liderança Quieta e Liderança Gentil.
O que podemos esperar de uma cultura organizacional que tenha maior participação das pessoas altamente sensíveis na tomada de decisões e que inclua em todos os níveis a sensibilidade e seus atributos?
Cultura Dominante | Cultura Sensível |
Foco nos interesses individuais | Compaixão com os outros |
Competitividade | Colaboração |
Foco nas partes separadas | Foco no todo e relações de interdependência |
Polarização | Empatia |
Exigências | Aceitação |
Desconfiança | Confiança |
Tensão | Segurança |
Orientado a Resultados financeiros | Orientado a resultados que integram várias dimensões |
Ordem e Controle | Flexibilidade |
Seguir padrões | Criatividade – fora da caixa |
Integralidade
Este é um pilar fundamental nas cultura organizacionais inclusivas. Está presente em todos novos modelos organizacionais. Em sua etimologia, integralidade significa o que é inteiro, integral, completo. É um convite para que as pessoas tragam quem são para o trabalho de forma inteira, suas histórias, sentimentos, emoções e características únicas e um compromisso de um ambiente seguro e acolhedor para isso.
O desenvolvimento de conexões profundas e empáticas entre as pessoas são estimuladas, com espaço para cuidar das emoções.
Há um rompimento com a imagem de pessoas como meros recursos e a divisão entre o eu profissional e eu pessoal e sua parte emocional, espiritual, intuitivo. A utilização de “máscaras profissionais” é desencorajada e as pessoa podem expor cada parte daquilo que são com a certeza que não terão a sua carreira prejudicada.
Diversas práticas de autoconhecimento como meditação, conversas em grupo e mediação de conflitos podem ser incorporadas aos rituais diários do ambiente de trabalho.
Dessa forma as Pessoas Altamente Sensíveis poderão falar abertamente sobre a sua sensibilidade e suas necessidades, sem medo de julgamento, e enfim poderão ser elas mesmas e através da sua sensibilidade e empatia, auxiliar e acolher as outras pessoas a expressarem o seu ser por completo.
Conclusão
O Fórum Econômico Mundial apontou em um estudo sobre Liderança Responsável que estamos em uma nova era do capitalismo, a crise climática, a crescente desigualdade e a fragilidade econômica ameaçam o bem-estar do ser humano como nunca e é necessária uma abordagem voltada a todas as partes interessadas na qual as empresas combinem empreendedorismo com propósito, trabalhando com as outras a fim de melhorar o estado do mundo em que operam. Este novo modelo é focado em forte desempenho organizacional em conjunto com impacto social e ambiental positivo. Em seus estudos sugere que para enfrentar os desafios da próxima década dois elementos são fundamentais:
• Inclusão de partes interessadas: garantir a confiança e o impacto positivo para todos, considerando a realidade das diversas partes interessadas na tomada de decisões e promovendo um ambiente inclusivo no qual diversas pessoas tenham voz e sintam que fazem parte.
• Emoção e Intuição: desbloquear o compromisso e a criatividade sendo verdadeiramente humano, mostrando compaixão, humildade e transparência.
As Pessoas Altamente Sensíveis podem ser valiosos parceiros de trabalho e líderes neste momento, trazendo suas características única que os permitem captar detalhes, ser criativos inovadores e ter alto desempenho no ambiente certo e principalmente trazem toda a sua sensibilidade e empatia tão necessárias neste momento de profundas transformações no mundo. A conscientização sobre a neurodiversidade e a adoção das práticas apontadas aqui não vai gerar benefícios somente para as pessoas altamente sensíveis, mas para todos os membros neurodivergentes da organização. A Sensibilidade de Processamento Sensorial, Autismo, TDAH e Superdotados compartilham algumas características como: Maior sensibilidade emocional, Criatividade, Aprendizagem não linear, Motivação por interesses, maior sensibilidade ao ambiente e a adoção de uma nova cultura que abrace de maneira integral a diversidade humana permitirá o florescimento de suas melhores habilidades.
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